domingo, 22 de maio de 2011

Para ler a dois - 12 de junho

"Casal inteligente enriquece junto? Por favor, dá um desconto.
É confundir a relação com um negócio. Daí não será um namorado, mas um sócio. Daí não será uma namorada, mas uma investidora. Retire o interesse dos dois, não sobrará coisa alguma. A única sintonia é a carreira. Alguns vão delirar que é amor, mas chegue perto com o olfato: o perfume excessivo é ambição. Amor mesmo é empobrecer junto, se for o caso. É fracasar e continuar tentando. É respeita os caminhos e vocações diferentes. É não er medo de começar com um colchonete no chão - e ir subindo aos poucos.
Não aguardar o melhor momento, ficar ao lado até que a sorte venha ou não venha."

Neste livro, Carpinejar retrata a mudança do comportamento masculino. Descobre agora o Borralheiro, personagem que não se sente menosprezado por cuidar das tarefas domésticas. O autor embarca em uma viagem sem volta pela residência. Passeia por cada cômodo, brincando com as diferenças do comportamento entre marido e mulher e destruindo condicionamentos do sexo e do amor. O escritor não foge de uma boa discussão de relacionamento. Em 100 crônicas, o escritor confidencia as estratégias de sedução e faz advertências para a rapaziada, como nunca mexer no umbigo da namorada ou apertar suas bochechas. 'Borralheiro' converte o mais ínfimo cotidiano em teorias de sensibilidade, explorando o perfil dos tipos familiares como sogro, o tio, a mãe e os irmãos. O autor convida cada um a repensar a rotina e se apaixonar novamente pelo casamento.


Não leve a vida tão a sério - a vida não precisa ser tão complicada ...

"Aprender a não levar a vida tão a sério é um dos maiores presentes que você pode se dar e compartilhar com os outros. Quando conseguir, você não se preocupará mais com as pequenas coisas - nem com as grandes." A chave da felicidade é aprender a não levar a vida tão a sério. Precisamos dizer não às preocupações, colocar a mágoa de lado, desistir de controlar o mundo, usar a crise como motivação, jogar fora o lixo mental e aceitar a vida como ela é. Só que tudo isso é muito mais fácil de falar do que fazer. O autor, Hugh Prather, não se limita a dar conselhos. Ele diz exatamente como agir e que ferramentas usar para alcançar essas metas. 'Não Leve a Vida Tão a Sério' é um guia prático e bem-humorado, baseado em histórias reais que mostram como complicamos as coisas desnecessariamente. O autor sugere 23 exercícios de libertação que podem ser feitos em trinta dias. Essas libertações são um caminho para acabar com pensamentos e atitudes que envenenam nossas corações e mentes. O objetivo deste livro não é mudar apenas nossos conceitos sobre a vida, mas sim transformar nosso cotidiano.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Faça a terapia do riso - Leia uma página por dia deste livro.

O melhor do site 'Desencannes' está reunido neste livro que mostra o livre exercício da criação publicitária sem julgamento. O que vale é a idéia pela idéia. E tudo com muito bom humor. É a fantasia do 'Já pensou se sai uma campanha assim?'.


Aposto que você não consegue ler uma página deste livro sem dar uma risadinha apenas. No Green Bean Cafe este é o livro mais procurado para desfazer mal humor. Abra uma página e tente não rir... dúvido que você consiga.

Alimentação Desintoxicante

Este livro tem como objetivo mostrar a importância de uma limpeza interna diária, com métodos baseados na alimentação que ensinam a renovar hábitos, tendo como meta a obtenção de corpo, mente e espírito saudáveis e mais fortes para enfrentar os desafios do dia-a-dia. A autora propõe que sejamos cúmplices de nosso corpo e oferece ferramentas para transformações necessárias para uma vida melhor.


sábado, 7 de maio de 2011

O MONGE E O EXECUTIVO - ESPETÁCULO TEATRAL

Leonard Hoffman, um famoso empresário que abandonou sua brilhante carreira para se tornar monge em um mosteiro beneditino, é o personagem central desta história criada por James C. Hunter para ensinar os princípios fundamentais dos verdadeiros líderes. Se você tem dificuldade em fazer com que sua equipe dê o melhor de si no trabalho e gostaria de se relacionar melhor com sua família e seus amigos, vai encontrar neste livro personagens, idéias e discussões que vão abrir um novo horizonte em sua forma de lidar com os outros.

No teatro: Cleyde Yaconis adaptação do best-seller O Monge e o Executivo

quarta-feira, 4 de maio de 2011

OBRIGADO MAMÃE

Mãe de três filhas, e um garoto, Marina Silva dá seu depoimento sobre a maternidade das meninasShalom, Moara e Mayara e o legado que pretende deixar para as herdeiras no livro Coisas de Mãe Para Filha.

Organizada por Adília Belotti, Hilda Lucas, Regina Amaral, Suzete Capobianco e Vera Tarantino, a obra traz o depoimento de 23 mulheres, entre elas a Monja Coen, a artista plástica Denise Milan e a secretária de educação do Rio de Janeiro Cláudia Costin.

Coisas de Mãe Para Filha é do selo Outono, da Editora Brinque-Book.

Água Viva' é um livro ficcional em forma de monólogo. Seguindo a linha de características introspectivas, este livro é um relato íntimo que projeta em flashes, como num caleidoscópio, resumos de estados de espírito em tom de confidência, onde a subjetividade sobrepuja o factual e a narradora é responsável pela cadência do texto.


( Porque a água pinga nos óleos do dia a todo momento. Entre a tensão das horas e a tensão da gente(tudo pra manter alta a corda bamba viva em cada um!!...) dedicatória do meu grande amigo Cel Bentin
Nos contos de Lygia Fagundes Telles lêem-se as transformações que afetam a classe média brasileira a partir dos anos cinqüenta e, mais especificamente, no período da ditadura militar. Seus contos, porém, não se restringem a documentar as vidas privadas da burguesia urbana. Trabalhando as emoções com a força da palavra, ela sofisticou a forma para criar um mundo em que os limites entre o vivido e o imaginado se confundem e tocam as dimensões do onírico.

Tive o enorme prazer de ver um monológo no teatro com base no conto da Lygia Fagundes Teles, foi uma experiência única.

domingo, 1 de maio de 2011

MURMURATION


Este livro procura mostrar como reinventar os negócios (e o mundo) a partir do conceito wiki - de serviços financeiros, economia verde e mídia à inovação e criação de riquezas.

Somente por encomenda: Livraria Cultura


sábado, 30 de abril de 2011

Vida em Fragmentos

Este livro é uma coletânea de oito ensaios sobre diversos temas - identidade, inospitalidade, peregrinação e errância, pânico, violência, racismo, antissemitismo, modernização da crueldade, função dos intelectuais na política e construção de uma moral não baseada em contrato, mas incondicional e irrestrita. Através destes textos, Bauman tenta refletir sobre a possibilidade de se resolver o dilema de viver em um mundo fragmentado, de modo a exercer uma atitude moral que leve em conta o outro e as questões de humanidade.

Onde encontrar:Livraria Cultura
Quem é Zygmunt Bauman? O que faz Bauman? Por que um dos principais sociólogos contemporâneos faz o que faz? Essas três perguntas guiam os cinco diálogos que o sociólogo Keith Tester manteve com Bauman na primavera/verão de 2000, reunidos neste volume. Durante as conversas, o pensador revisita sua própria obra, cita os autores que o influenciam, revela os conceitos-chave para a leitura de seus textos, os planos para o futuro, além de lembrar aspectos marcantes de sua vida, como a juventude na Polônia e a importância da esposa em sua compreensão do Holocausto. Os leitores familiarizados com a obra de Bauman encontrarão aqui respostas para algumas perguntas que provavelmente gostariam de fazer ao autor, com a facilidade de encontrar suas ideias organizadas por temas - os horizontes da sociologia; ética e valores humanos; o caráter ambivalente de modernidade; individualização e sociedade de consumo; o papel da política.

Onde encontrar:Livraria Cultura

A FACE HUMANA DA SOCIOLOGIA -

O polonês Zygmunt Bauman, com a sabedoria extra que os 85 anos de vida lhe conferem, cultiva a virtude da dedicação, a despeito das distrações temporárias. E ao cultivar tal virtude, torna evidente seu apego ao campo de estudos que abraçou há muito tempo: é um sociólogo em tempo integral. Acredita que suas ferramentas de análise da realidade precisam estar sempre à mão, prontas para dar mais uma volta no parafuso das nossas inquietações existenciais. Dias atrás, ao receber um punhado de questões enviadas por email pelo caderno Sabático, este senhor de cabelos brancos e jeito de avô se pôs a escrever obstinadamente de sua casa na Inglaterra, enfrentando uma madrugada (insone, como admitiria) no compromisso de não deixar pergunta sem resposta. Não queria ser superficial, ou "perfunctório", acrescentou em tom solene. O retorno ao questionário não poderia ter sido mais generoso: o célebre criador do conceito de "modernidade líquida" flui em reflexões provocantes, desestabilizadoras, feitas sob o signo do ecletismo e da universalidade, como sempre. Quem lhe conhece a obra, já sabe: pode-se concordar ou não com suas análises sociológicas, mas permanecer indiferente a elas é difícil.
Photo by Lidove noviny/Ondrej Nemec/ isifa/
Photo by Lidove noviny/Ondrej Nemec/ isifa/

São mais de 20 títulos publicados no Brasil deste professor emérito das universidades de Varsóvia e Leeds, num total em torno de 250 mil livros vendidos. Recentemente chegaram às livrarias Bauman sobre Bauman, longo diálogo com o sociólogo inglês Keith Tester, e Vidas em Fragmentos, conjunto de oito ensaios em torno da sociedade de consumidores; e em junho será lançado 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno, material epistolar assinado por Bauman e publicado na imprensa italiana (todos pela Zahar). Aos admiradores do pensador polonês, vale o lembrete: ele é um dos convidados internacionais da série Fronteiras do Pensamento, tendo duas conferências programadas para Porto Alegre e São Paulo (11 e 12 de julho, respectivamente, mais informações no site www.fronteirasdopensamento.com.br).

A seguir, a versão editada da longa noite de insônia. Ao responder às questões que lhe foram apresentadas, Bauman não toca na influência que Janina, sua mulher, exerceu sobre suas ideias e visão do mundo. Janina Bauman é autora de Inverno na Manhã, o relato impressionante de uma menina judia em Varsóvia, durante a ocupação nazista. Também não chega a citar Gramsci, o pensador que o livrou da ortodoxia marxista, levando-o a ver que a experiência humana é ilimitada e "cultura é a faca que pressiona o futuro". Em compensação, Bauman nomeia um time de pensadores contemporâneos que o ajudam a demonstrar por que, na modernidade líquida, estamos condenados a mudar obstinadamente, carregando e reprocessando incertezas. Notem que o tempo todo ele chama atenção para as novas formas da desigualdade no planeta e faz um alerta: na sociedade global, a justiça será obra de acordos, não de consensos.

Quando o senhor expôs o conceito de modernidade líquida, anos atrás, pairou a impressão de pessimismo. Impressão que hoje parece ceder a uma percepção mais otimista da realidade: apesar das incertezas do nosso tempo, podemos construir uma sociedade que responda a tudo isso. Afinal, não terá sido sempre assim? Construir e reconstruir estruturas seria o nosso destino?

Nossa sina, eu diria... Nós nos encontramos num momento de "interregno": velhas maneiras de fazer as coisas não funcionam mais, modos de vida aprendidos e herdados já não são adequados à conditio humana do presente, mas também novas maneiras de lidar com os desafios da contemporaneidade ainda não foram inventados, tampouco adotados. Não sabemos quais formas e configurações existentes precisariam ser "liquefeitas" e substituídas. Diferentemente de nossos ancestrais, não temos uma noção clara de "destinação", nem do que seria, de fato, um modelo de sociedade global, economia global, política global, jurisdição global... Estamos reagindo ao último problema que se apresenta. E tateamos no escuro. Queremos diminuir a poluição por dióxido de carbono desmantelando as termelétricas para substituí-las por usinas atômicas, em que pese o espectro de Chernobyl ou Fukushima pairando sobre nós. Admitamos: hoje mais sentimos do que sabemos. E temos dificuldade em admitir que o poder, isto é, a capacidade de fazer coisas, foi cruelmente separado da política, isto é, a capacidade de decidir quais coisas precisam ser feitas e priorizadas.

O senhor expressa incômodo com a ideia, já transformada em rótulo, de pós-modernidade. Mas existe uma percepção de mudança, de passagem de um tempo para outro. Diante dos avanços tecnológicos, constatamos que nossas vidas mudaram, assim como nossos hábitos e nossas perspectivas de futuro. Estamos virando seres pós-analógicos?

Não, somos modernos. Todos nós, em cada canto deste planeta, somos modernos. As formas de vida moderna podem diferir em muitos aspectos, mas o que as une é precisamente sua fragilidade, fugacidade, seu pendor para câmbios constantes. "Ser moderno" significa mudar compulsivamente. Não tanto "ser", mas "estar se tornando", permanecendo incompleto e subdefinido. Cada nova estrutura com a qual substituímos uma anterior, declarada obsoleta, prefiguramos um arranjo admitidamente temporário, "até nova ordem". Então, a modernidade muda suas formas como o lendário Proteu... O que tempos atrás era apelidado erroneamente de "pós-modernidade", e que prefiro chamar "modernidade líquida", traduz-se na crescente convicção de que a mudança é a nossa única permanência. E a incerteza, a nossa única certeza.

Também estamos acometidos de um sentido de urgência e descartabilidade. É possível escapar a essas dinâmicas?

Tem a ver com a sociedade de consumo. Tomemos os estudantes que hoje avidamente exibem suas qualidades em busca de reconhecimento e aprovação para entrar no jogo das carreiras. Ou clientes que aumentam gastos para obter novos limites de crédito. Ou ainda imigrantes lutando para garantir a demanda dos serviços que possam oferecer. Essas três categorias aparentemente tão distintas de pessoas estão prontas para disputar o mercado das commodities humanas, como matérias-primas atraentes e desejáveis. São, a um só tempo, a mercadoria e seus agentes de marketing, os bens de consumo e seus propagandistas. Nesses termos, as pessoas começam a valer pela sua "vendabilidade". Elas mesmas procuram desenvolver qualidades para as quais haja demanda ou reciclar qualidades para as quais a demanda ainda possa ser criada, num processo que mistura valor social e autoestima. Nossa sociedade não está preocupada com a satisfação de necessidades, desejos e vontades, mas com a commoditização ou recommoditização do consumidor. Daí o sentido de obsolescência e descartabilidade que nos persegue.

A "cultura da celebridade", tão em voga e tão banalizada, tem a ver com tudo isso? Entra no cálculo do indivíduo vendável?

As celebridades tornaram-se um fenômeno curioso. Elas parecem nos avisar que chegou a hora de rever o famoso veredicto de Descartes, "penso, logo existo", alterando-o para "sou visto, logo existo". E tão mais existo quanto mais visto for - seja na TV, nas revistas glamourosas, no Facebook. Como sugere o psicanalista francês Serge Tisseron, os relacionamentos significativos passaram do campo da intimité para o da extimité - ou seja, extimidade. Celebridades encarnam essa nova condição, funcionando como estrelas-guias, padrões a serem seguidos. Mostram o caminho para as massas que sonham e lutam para se tornar commodities vendáveis. Tudo isso comprova o apagamento da sacrossanta divisão entre a esfera privada e a esfera pública. Transformamo-nos numa sociedade confessional: microfones são fixados no cofre-forte dos nossos mais recônditos segredos, violando aquilo que só poderia ser transmitido para Deus ou para seus mensageiros plenipotenciários. Hoje esses microfones se encontram conectados a alto-falantes que bradam nossas vidas em praça pública.

Em seu livro, num dos diálogos com Keith Tester, o senhor diz que justiça precisa ser entendida hoje como "responsabilidade por". Se as pessoas são levadas a se exibirem nas vitrines da extimidade, como imaginar que estariam interessadas pelo outro?

Esta pergunta me leva a refletir sobre a crise global de 2008 e Amartya Sen (Prêmio Nobel de Economia de 1998) não usou meias palavras ao analisar as lições que deveríamos tirar dela. Enquanto algumas pessoas muito, muito ricas viram suas fortunas encolherem, pessoas muito, muito pobres, milhões delas formando a base da pirâmide social, foram duramente afetadas. A conclusão de Amartya Sen, de tão cristalina, chega a ser óbvia: quem quiser avaliar corretamente a gravidade da crise que examine "a vida de seres humanos, em especial das pessoas menos privilegiadas, no que tange ao seu bem-estar e à liberdade de levar uma existência decente". Mas é nos momentos de crise que a desigualdade diária e rotineira, seja na distribuição de privilégios, seja na distribuição de carências, é bruscamente reformulada como se fosse uma emergência, um acidente desafiador da "norma". Hoje estamos sujeitos a distintas catástrofes, a começar das ambientais, como terremotos, tsunamis... Mas também deveria ser assumida como catástrofe da humanidade a maneira desigual como uma crise econômica pode bater num país em comparação a outros.

Por que é difícil entender a vulnerabilidade econômica e reagir a ela?

Entre outros motivos, porque categorias de pessoas cronicamente carentes tendem a aceitar a sua sorte por conta de certa inevitabilidade, ou normalidade, que seja. Sofrem docilmente. São ineptas para denunciar as condições em que vivem. Acho muito pouco provável que cheguemos a um modelo "não contencioso" de sociedade justa. Porque enfrentamos dilemas insolúveis, sendo assim, nosso caminho será o de uma solução "acordada" de sociedade justa.

Que saídas têm os jovens nesse tempo em que a justiça será mais fruto de um acordo do que de um consenso? Que narrativas de vida o mundo globalizado lhes oferece?

Respondo pensando na formação superior de milhares de jovens hoje em dia. As mais prestigiosas instituições acadêmicas do mundo, que concedem os diplomas mais cobiçados, estão ano a ano, constante e incansavelmente, se afastando do chamado "mercado social" e mesmo das multidões de estudantes cujas esperanças de prêmios cintilantes elas acenderam e inflamaram. Como o analista econômico William D. Cohan informou recentemente, o preço de anualidades e taxas em Harvard subiu 5% ao ano, nas últimas duas décadas. Em 2011, a anuidade atingiu o patamar de US$ 52 mil. Para arcar com essa quantia, alguém teria de ganhar no mínimo US$ 100 mil anuais, livres de impostos. Contudo, dos 30 mil candidatos a Harvard no ano passado, somente 7,2% foram aceitos. E a demanda por vaga continua alta. Para milhares de casais para os quais esses valores, embora exorbitantes, não são obstáculo, fazer com que seus filhos frequentem Harvard ou algum outro estabelecimento acadêmico desse porte é questão de rotina. E não só: a decisão pode ser compreendida como o exercício de um direito herdado, o preenchimento de um dever familiar e o toque final antes que estes jovens se acomodem no lugar que lhes é destinado pela elite. Mas também existem outros milhares de casais dispostos a sacrifícios financeiros para conduzir seus filhos a essa mesma elite, de tal forma que seus netos possam aspirar à mesma formação, tornando tal passagem uma legítima expectativa. Mas, será que este é um bom projeto de vida? Cohan vem com uma lista impressionante de novos bilionários, de Steve Jobs, fundador da Apple, ao inventor do Twitter, Jack Dorsey, e o fundador do Tumblr, David Karp - e todos, sem exceção, abandonaram os estudos. Karp bateu o recorde ao não passar um único dia no câmpus desde que largou o colegial no primeiro ano.

Ou seja, a formação acadêmica não seria mais o passaporte para um bom futuro?

Um diploma de primeira linha foi, durante muitos anos, o melhor investimento que pais amorosos poderiam fazer no futuro de seus filhos, e dos filhos de seus filhos. Acreditava-se nisso. Mas esta crença, como tantas outras que fizeram o Sonho Americano (e não só americano, reconheçamos) está sendo abalada hoje. O mercado de trabalho para os possuidores de credenciais de educação encolhe em termos globais, isso é um fato. Hoje muitos daqueles que se diplomaram com alto sacrifício familiar veem os portões do sucesso ser fechados na sua cara. A verdade é que a "promoção social via educação" serviu durante muitos anos como folha de parreira para tapar a desigualdade nua e indecente: enquanto as conquistas acadêmicas estavam correlacionadas a recompensas sociais generosas, as pessoas que não conseguiam ascender nessa direção só podiam se culpar - descarregando sobre si mesmas amargura e ódio. Agora nós nos defrontamos com um fenômeno novo, que é o desemprego entre os formados, ou então o emprego em nível muito baixo de expectativas, mas tanto uma coisa quanto outra têm potencial explosivo, basta ver os recentes levantes no Oriente Médio. Como enfatiza Cohan, os egípcios rebelados são gente jovem com educação superior, mas sem emprego, gente que já vem sofrendo com isso há algum tempo sem encontrar perspectiva. Posso também pegar o exemplo da Polônia, onde nasci. Nos últimos anos, foi espetacular o aumento nos custos da educação, assim como foi espetacular a polarização da renda e a desigualdade social. Recente reportagem do jornal polonês Gazeta Wyborcza traz impressionantes relatos de jovens diplomados em boas escolas, que hoje se sujeitam a ocupações muito aquém daquilo com que sonharam. Eles guardaram seus diplomas entre as lembranças da família, e partiram para ganhar a vida.

O mundo assiste à emergência de novas potências, e o Brasil é apontado como uma delas. Chineses são hoje os grandes consumidores do circuito de luxo em Paris e Nova York. A lista da revista Forbes nos últimos anos revela novos magnatas. O dinheiro circula mais, e mais intensamente. Tudo isso também não vem reconfigurando as aspirações de vida?

Cem anos atrás, quando indagado por que decidira dobrar os salários de seus trabalhadores, Henry Ford respondeu que havia feito isso justamente para permitir que eles comprassem os carros que estava produzindo. Na verdade, o magnata foi ainda mais realista do que a sua famosa declaração: embora seus operários dependessem dele para ganhar a vida, Ford dependia 100% daquela mão de obra localmente disponível, que mantinha as linhas de montagem operando, o que lhe garantia mais riqueza e poder. A dependência então era mútua e Ford não tinha escolha. Ele não dispunha da "arma de insegurança máxima" que existe no mundo globalizado, ou seja, o poder de decisão sobre mudar a riqueza para outros lugares, particularmente para endereços fervilhantes de pessoas prontas para sofrer sem chiar, muitas vezes em troca de salário miserável: o capital de Ford era "fixado" no lugar. Estava afundado num maquinário pesado, volumoso e muito bem trancado entre paredes fabris. Isso mudou. Aquele contrato não escrito entre capital e trabalho, assentado na dependência mútua, se rompeu gerando uma desigualdade estarrecedora, com repercussões nas condições de trabalho da mão de obra metropolitana, como estudou Branko Milanovic, o principal economista do departamento de pesquisa do Banco Mundial. Já o professor Tim Jackson, da Universidade de Surrey, em sua obra mais recente, Redefining Prosperity, alerta: o modelo de crescimento dos nossos dias produz danos terríveis por ser medido apenas pelo aumento da produção material, e não pela melhoria de serviços em áreas como lazer, saúde, educação. E isso evidentemente afeta os emergentes: passamos de uma desigualdade declinante entre os países para uma desigualdade crescente dentro de muitos deles. Porque os capitais, movimentando-se através dos fluxos globais, e agora "livres da política", como bem salientou Manuel Castells (sociólogo espanhol, autor de A Sociedade em Rede), procuram avidamente áreas com padrões rebaixados de vida, portanto mais receptivas a um tratamento de "terra virgem".

Consciência ambiental pode ser o caminho para reequilibrar certas dinâmicas globais?

Lembro do memorável paralelismo que Lewis Mumford (historiador americano, autor de O Mito da Máquina) estabelece entre mineração e agricultura: a primeira fere, destrói, enfeia o meio ambiente. A segunda sana, regenera, embeleza. A primeira torna os terrenos inabitáveis, a segunda os torna hospitaleiros. A primeira viola, extrai, retira, arrasa, deixa o vazio atrás de si. A segunda cuida, ajuda, acrescenta, enche, preenche: preserva a vida. Mumford refletia sobre as bênçãos da agricultura numa época em que ela ainda servia, em sua totalidade, ao sustento humano, e não aos ganhos financeiros, como acontece agora. Referia-se à agricultura feita na medida das necessidades humanas, estável, resistente, finita. Hoje, o que estamos vendo? O planeta, com seus recursos limitados, ainda pode satisfazer às necessidades humanas, mas tem se mostrado totalmente inadequado para saciar a rapacidade humana, movida por esse insaciável "apetite pela novidade". Somos incentivados, forçados ou atraídos a comprar e a gastar. Ou melhor, a gastar o que temos e o que não temos, na esperança de ganhar no futuro.

Não é justamente isso o que move a economia? O "apetite pela novidade" não seria um elemento constitutivo do capitalismo?

Como destacou Adam Smith, o grande teórico de A Riqueza das Nações, devemos nosso suprimento diário de pão fresco à ganância do padeiro, e não ao seu altruísmo ou aos seus elevados padrões morais. É graças à gana, de resto absolutamente humana, pelo lucro que os bens são levados às bancas do mercado e nós podemos ter a certeza de encontrá-los lá. O próprio Amartya Sen admite que não é possível ter uma economia florescente sem a ampla participação dos mercados, também imprescindíveis para a constituição de um mundo próspero e justo. Mas o que se coloca em questão hoje é a capacidade de uma sociedade de resolver, ainda que imperfeitamente, os problemas que ela própria cria, ou os conflitos e os antagonismos sociais que ameaçam sua preservação. A solução, me parece, não virá do reforço ininterrupto do "apetite pela novidade", nem da ganância ou avareza que mantêm a economia florescendo. Afinal, que aspectos da condição humana levam os indivíduos a buscarem compensações nos mercados? Há alternativas a isso? Tim Jackson propõe uma reação baseada em três pontos: 1. conscientizar as pessoas de que o crescimento econômico tem limites. 2. convencer os capitalistas a distribuir lucros não apenas segundo critérios financeiros, mas em função dos benefícios sociais e ambientais. 3. Mudar a "lógica social" dos governos, para que os cidadãos enriqueçam suas existências por outros meios, que não só o material. Como se vê, a economia já não pode mais depender apenas da ganância do padeiro. Terá de se apoiar numa coexistência humana organizada, de que ainda dispomos.

COLABORARAM ANNA CAPOVILLA E CELSO PACIORNIK

Fonte: Jornal O ESTADO

O que é uma criança?

"Uma criança é uma pessoa pequena. Ela só é pequena por pouco tempo, depois se torna grande. Cresce sem perceber.
Devagarinho e em silencio, seu corpo encomprida.
Uma criança nao é uma criança para sempre. Ela se transforma...¨

"O que
é uma Criança" (Martins Fontes), de Beatrice Allemagna. O texto e as ilustrações desta obra para o público infantil falam de pequenas coisas que parecem óbvias, mas nas quais poucas vezes prestamos atenção.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Twiter?Voce ainda não tem? quem é voce?

Descubra como ampliar sua rede de amizadee contatos.Monte um negócio usando comunicação rápida, sintética e em tempo real do Twiter. Aprenda a manter relacionamentos duradouros em rede sociais, inclusive os de natureza comercial.


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Deus existe. Badaró constatou a existência divina ao receber um convite dos céus: catalogar, provar e treinar garotas de programa. Ou, os anjos do Badaró. Ginecologista, Badaró, que não é bobo nem nada, descarta de imediato o empreguinho numa seguradora para cuidar da formação das meninas. Era a vida que pedira ao Criador. Profissão que merece entrega total. E Badaró se envolve, e se apaixona, e enriquece tanto que um dia alguém resolve matá-lo. Quem teria interesse em assassinar Ozanan Badaró? O mistério da morte de Badaró é o leitmotiv dessa comédia rasgada. Uma história de amor - com muito erotismo, claro, que ninguém é de ferro, muito menos, o nosso herói. Mas também um livro policial - com mortes, prostitutas de luxo e enigmas a decifrar. Ingredientes condimentados com doses generosas de humor, que respingam até nos momentos mais dramáticos da trama.

Ozanan Badaró é um gine­cologista, discreto e competente, que um dia receberá um convite absolutamente inusitado. Será que ele não aceitaria catalogar, provar e treinar, digamos assim, garotas de programa? Ele aceita, acreditando que finalmente um belo trabalho caiu do céu. Assim a vida deste médico muda por completo. Assim nascem os anjos do Badaró.

Bem, você pode imaginar em que mundo nosso ginecolo­gista mergulhou. Luxúria e traição. Prazer e violência. Sexo e morte. O mundo fascinante e perigoso das garotas de programa mais sofisticadas da cidade. Badaró é um homem experiente mas não ficará imune aos apelos desta nova vida. E ele se envolve, e se apaixona, e enriquece tanto, que um dia alguém vai querer matá-lo. Quem teria interesse em assassinar Ozanan Badaró?

O mistério da morte de Badaró é o leitmotiv dessa comédia rasgada. Os anjos de Badaró revela o humor que só as melhores novelas policiais conseguem ter. Ágil e original, esse livro foi escrito ao longo de seis meses, pela Internet - através do site www.marioprataonline.com. br, conectado ao portal Terra. A cada dia, nosso autor escrevia um capítulo - e lia sugestões on-line de leitores ávi­dos e virtuais.

A novela pós-eletrônica foi acompanhada por milhares de pessoas, diariamente - letra a le­tra, palavra a palavra, corte a corte, morte a morte. Os anjos de Badaró, o livro, apresenta a ver­são final e bem acabada desta ex­periência pioneira. Para seu deleite particular. Conheça os an­jos. Decifre Badaró.


(Li o livro acima emprestado do meu amigo Rogerio, se tivesse que dar uma nota seria muito mais que 10, um livro que te prende do começo ao fim, com certeza vale a pena entrar para sua biblioteca particular)


quarta-feira, 27 de abril de 2011

O PRAZER DE SER ESCRITOR - MARIO PRATA

Mario Prata escreve crônicas, romances, peças de teatro e telenovelas, um leque amplo que o torna um leitor também abrangente. Por conta disso, ele foi convidado pelo Sesc Carmo para participar, hoje e amanhã, de dois eventos: no primeiro, vai apresentar ao público uma seleção de livros a partir do acervo da biblioteca daquele Sesc, e outro, amanhã, ao lado de Anna Verônica Mautner, de um bate-papo sobre crônicas.

Denise Andrade/AE
Denise Andrade/AE
Mais de 80 trabalhos e de 2 mil crônicas em 51 anos de carreira


Prata, cuja obra começa a ser reeditada pela editora Planeta, comentou sobre o ato da escrita na seguinte entrevista, realizada por e-mail.


Quando começa a escrever, você já sabe qual formato vai usar?


Existe uma diferença entre a ideia do que escrever e o começar a escrever. Claro que primeiro vem a ideia. E é no momento que ela surge - para mim, o instante máximo do ato criativo - que ela se formata por si mesma na minha cabeça. O surgimento de uma ideia dura alguns segundos. Ela vem em uma ou duas linhas: uma criança ainda. Mas já grandinha o suficiente para você saber se ela irá se transformar numa crônica, peça de teatro, filme ou até mesmo telenovela. Depois de amadurecida (isso pode levar de um dia a alguns anos), ela pode inclusive vir a morrer: não era uma boa ideia. Foi um engano. Para mim, o surgimento inicial de uma ideia é tão poderoso e forte que me lembro de onde estava, com quem, com que roupa, quando tive algumas delas. E tem um negócio interessante: as boas ideias surgem quando estou mais cansado e estressado. É uma sensação de prazer quando uma delas nos domina.


Há obras que você não gosta?


Há algumas vantagens de ser um escritor brasileiro (poucas, mas existem): no Brasil, o fracasso não faz o menor sucesso. Em alguns países, um fracasso pode encerrar uma carreira. Felizmente tenho bem mais sucessos do que fracassos. Quanto a livros que não gosto (acho que estou perto do 20.º livro), tenho dois: Buscando o Seu Mindinho e Diário de Um Magro 2. O primeiro por ter sido escrito sob encomenda da Objetiva. Ou seja, não partiu de uma ideia minha, ficou difícil, o trabalho foi arrastado, quase doloroso. O segundo foi uma tentativa de sucesso em cima do primeiro Diário de Um Magro. O assunto já havia se esgotado. Das novelas, gosto apenas de Estúpido Cupido (Globo) e Helena (Manchete). E gostava muito do projeto de Bang Bang que, infelizmente, não deu certo: fui muito abusado.


E as que mais gosta?


O resto eu gosto de tudo. São quase 80 trabalhos entre livros, peças de teatro, telenovelas, mais de 2 mil crônicas, roteiros de cinema, em 51 anos de carreira. E não é apenas pelo sucesso de alguns, mas pelo prazer que tive em fazer. Na minha profissão, trabalha-se quase sempre com prazer. É o máximo quando se cria um personagem mais forte que a gente. Ele nos domina, fala o que quer. Há pouco tempo, escrevendo Sete de Paus, meu primeiro policial, de repente o personagem Fioravanti soltou uma frase totalmente machista, um horror mesmo. Disse um negócio que eu jamais ousaria até mesmo pensar. Deixei no livro, mas fiz um rodapé limpando a minha barra. Explicando que eu não tinha nada a ver com aquilo. Foi "ele" quem disse. Entendeu a brincadeira?


Um dos momentos mais curiosos de sua carreira foi quando você tornou pública sua incapacidade de acertar as provas de vestibular com interpretação de seus textos. A situação mudou?


Isso. Num vestibular deram uma crônica inteira para os vestibulandos lerem, analisarem e responderem a oito perguntas sobre o que eu havia escrito. Tentei responder. Eu errei as oito e escrevi um carta ao ministro da Educação. As pessoas reclamam que os jovens não leem mais no Brasil. Culpam a televisão, a internet. Mas o problema vem de muito antes da internet e dos joguinhos eletrônicos. Vem de 1967 quando unificaram o vestibular e um "gênio" decidiu que para entrar na faculdade os jovens além de saberem matemática, física, química e biologia, deveriam ler uns dez livros de literatura brasileira e/ou portuguesa. Colocaram a ficção no mesmo nível das matérias citadas. Nada contra elas. Mas nivelou. Depois do vestibular o jovem diz: "Nunca mais vou ler nada disso". Incluindo os Machados, os Eças e outros livros que foram obrigados a ler. Livros que são chatíssimos aos 16 anos. E eles ficam achando que ler é chato, é obrigatório. E os garotos que estão prestando vestibular hoje já são filhos dos que deixaram de ler lá atrás. Isto significa que moram em casas onde não existem livros. Enfim, começam a ler a nossa literatura obrigados! Portanto, já estamos na segunda geração de não leitores.

GALERIA DO AUTOR
Sesc Carmo.Rua do Carmo, 147, 3111-7000.

Hoje, às 18h30.

Grátis


terça-feira, 26 de abril de 2011


O livro 'O Zen na Cozinha',da Monja Gyoku En, mostra os fundamentos da Shôjin Ryôri, a culinária típica dos mosteiros Zen Budistas, que tem o sentido de nutrição, saúde e força espiritual para os monges e praticantes de Zen.


A vida depende da vida. Todos comemos e somos comidos. Quando nos esquecemos disso, choramos; quando nos recordamos disso, podemos nutrir uns aos outros. ( Proverbio Chines )

Minha grande amiga Cristina Bragato me recomendou este livro, simplesmente adorei e mantenho na minha cozinha como um Guia culinário.

Casa Anne Frank

Este livro é uma edição que traz na íntegra o diário de Anne Frank, com todos os trechos que seu pai cortou para a publicação de 1947, já tão conhecida e lida. É comovente descobrir que mesmo no contexto tenebroso do nazismo e guerra, ela viveu problemas e conflitos de uma adolescente de qualquer lugar e tempo. Anne Frank registrou admiravelmente a catástofre que foi a Segunda Guerra Mundial. Seu diário está entre os documentos mais duradouros produzidos neste século, mas é também uma narrativa tenra e incomparável, que revela a força indestrutível do espírito humano.


Neste ano toda a programação anual da CASA ANNE FRANK (em Amsterdam) poderá ser visitada online. Além de mais fotos e vídeos dará uma boa panorâmica das atividades realizadas em 2010, como o aniversário de 50 anos do museu e o lançamento online do Anexo Secreto.
Fácil de encontrar na Livraria Cultura do Conjunto Nacional -Av.Paulista

ANNE FRANK

Anne Frank
Go to annefrank.org>

Overview of Anne Frank House activities
Annual Report 2010



This year the entire annual report of the Anne Frank House can be viewed online. With its many extra photos and videos, it gives a good overview of our activities in 2010, such as the museum's 50th anniversary and the launch of The Secret Annex Online. You can post comments at the bottom of each page.



Go to the annual report>
Your vote counts!

The Secret Annex Online has been nominated for two Webby Awards: the most prestigious internet awards in the world! Do you want to let others know how good you think this website is? Help us, and vote! Votes close on 28 April.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Riqueza do Mundo

Incomodada com qualquer injustiça, Lya Luft não se resigna a se lamentar - deixa o raciocínio fervilhar e escreve. E, ao sabor de sua forma predileta de se dirigir ao leitor (direta e coloquial), coleciona ensaios que não apenas revelam suas perplexidades, como também focam o drama existencial humano. É, portanto, sobre guerras, miséria e política, entre outros assuntos, que trata A Riqueza do Mundo, seu mais recente livro, lançado agora pela editora Record.

Editora Record/Divulgação
Editora Record/Divulgação
Lya. Para a autora, o tédio nasce do excesso de ofertas e da falta de exigências e estímulos

Na obra, Lya trata de perdas e ganhos (título, aliás, de um de seus maiores sucessos) - dos delírios da arte e das aventuras da ciência como também da educação que empobrece a mente e da pobreza provocada pelo desinteresse. O pessimismo, no entanto, é apenas aparente, embora regado a muito ceticismo: Lya é uma mulher conectada em seu tempo. Sobre o assunto, ela respondeu, por e-mail, as seguintes perguntas.

O título do livro vem de uma crônica desalentada, pois aponta diversos problemas do mundo. Uma ironia?

Não pensei em ironia ao colocar o título, pode até ser. Tudo é ambíguo, tudo tem várias interpretações - isso torna a vida mais interessante, não é? Mas eu quis abranger nesse titulo a riqueza material, os bilhões e trilhões que circulam no mundo e tanta gente morre de fome, de frio, de sujeira e desamparo, de falta de educação e instrução; incluo também a riqueza dos afetos; a questão, para mim eterna, da família; dos novos casamentos; de como se enxerga a velhice; de como nos vemos, nos tratamos, nos pensamos; etc., etc., etc.

A amargura e o tédio são os grandes males contemporâneos? Por que vivemos tão cheios de desgosto?

Não sei qual seria o grande mal contemporâneo, mas possivelmente o desassossego, o excesso de possibilidades e a dificuldade de discernir e escolher, a violência, e a fragilidade de alguns laços de afeto. O tédio nasce do excesso de ofertas e da falta de exigências e estímulos. Ninguém mais é reprovado na escola, os pais não dizem "não" pois estão cheios de teorias tolas, o sexo é oferecido com uma banalidade horrorosa. Mercado de trabalho complicado, a meninada mora com os pais até 30 anos... Enfim, muitas coisas nos afligem. Mas também existem o belo e o bom: temos paciência e tempo, e gosto para curtir isso, ou somos, como escrevi recentemente, trogloditas com o dedo no Touch Pad, que nem se dão conta do espreitar da morte?

A literatura está dando conta da realidade atual, complexa e acelerada?

Não sei se literatura tem de dar conta da realidade. Essa que eu faço, ficção, crônica, pequenos ensaios, pode se contentar com a fantasia; com pequenos fatos ou preocupações; com o cotidiano miúdo ou os grandes medos. A realidade, será que ela existe, ou existe o que cada um de nós enxerga?

Essa relação íntima entre a literatura e a realidade mais imediata não pode significar que a literatura, de alguma forma, jamais se livra do poder?

Nunca me liguei a nenhum poder. Vivo quase enclausurada em meu apartamento em Porto Alegre. Não dependo de política nem de poder nenhum, só quero que meu livro saia direito, correto, e atinja um público razoável. Claro que existe arte ligada ao poder. Até agora consegui, conscientemente ao menos, me esquivar disso.

Você acredita que há um aspecto litúrgico na prosa?

Toda arte tem aspectos litúrgicos, sim. Ou vira banalidade pura, o que para mim não é arte. A boa prosa tem em suas entrelinhas um vento de poesia. Na arte existe, mesmo na naïf, algo de solene, que não cabe nas palavras, que tem um toque mágico. Há quem ache isso bobo. Eu levo muito a sério. Eu sou uma pessoa muito comum, que lida com algo nada comum, que rodeio e rondo com enorme respeito.

Incomoda o preço a pagar por uma estética que está, sempre, muito ligada à realidade mais imediata?

Não sei se você fala em estética física, corporal, ou estética na literatura. Deve ser essa última. Não pago preços, ou são tão minúsculos que não me dou conta. A realidade mais imediata eventualmente me interessa e falo nela (a corrupção na política, o mau uso do poder), mas há por trás de tudo algo mais amplo, que é a vida, que é a morte, que é esse tempinho em que estamos aqui e nem paramos para pensar.

O maravilhamento e a fantasia são fundamentais na criação de um leitor apaixonado?

Há grandes leitores que não gostam de ficção nem fantasia. Leem outras coisas. Mas no imaginário, no fantástico ou fantasioso, no mágico ou como queiram dizer, há uma riqueza incalculável, que nos torna mais humanos. Minha cachorrinha tem fome, tem sede, tem sono. Mas para ela o mágico, o imaginário, não existe. Quando dorme, e sonha, e choraminga, deve ser sonhando com um osso que lhe tiraram. Sem ilações ou discussões.

Não lhe parece impressionante o poder que a ficção tem de interferir na realidade e, até, de criar novas realidades?

Sim. Por isso é preciso tanto cuidado com ela, tanto respeito por ela, e pelo público, por exemplo, de novelas ou filmes, que muitas vezes exploram o pior da realidade, como se fosse o normal. Como se fora da violência, do sexo banalizado ou doentio, da agressividade, e da droga, todo o resto fosse efêmero, desimportante e infantil.

A literatura é uma opção de vida?

Para mim acabou sendo, mas só agora, no vestíbulo da velhice - ou no auge da maturidade como eu penso. Por quase toda a minha vida trabalhei como tradutora, todos os dias, muitas horas, para pagar a escola dos filhos, ou supermercado, as férias de verão, pois o pai das crianças não teria podido fazer isso sozinho, e eu gostava dessa atividade. Só com o crescimento das vendas de meus livros, há coisa de dez anos, pude realmente viver quase só de literatura, os artigos na Veja, eventuais palestras (recuso muito, demais, sou preguiçosa e preciso d e tranquilidade, meu bem estar me vale mais que algum dinheirinho sobrando). Mas se tiver de voltar ao trabalho maravilhoso e braçal de traduzir bons livros, eu volto sem problema. Viva e lúcida, produzir é muito bom.